João Guimarães Rosa nasceu na cidade de Cordisburgo, em Minas
Gerais, no dia 27 de junho de 1908. Filho de Dona Francisca Guimarães Rosa e de
Seu Florduardo Pinto Rosa. Cursou Medicina, e formou-se médico em 1930.
Nessa mesma época, publicou seus primeiros contos, na revista O Cruzeiro.
Exerceu a Medicina em Itaguara, município de Itaúna, e no 9º Batalhão de
Infantaria de Barbacena.
Em 1934, Passa no concurso do Itamaraty e vai para a então
capital federal, Rio de Janeiro.
Em 1936 participa do concurso da Academia Brasileira de
Letras, com a coletânea de contos chamada “Magma”, recebendo o Prêmio Literário
da Academia. Foi Diplomata entre os anos de 1938 e 1944. Culto, sabia falar
nove idiomas.
Sobre sua facilidade em aprender línguas, tornou célebre a
entrevista que deu a uma prima na qual se define como poliglota:
"Falo: português, alemão, francês, inglês, espanhol,
italiano, esperanto, um pouco de russo; leio: sueco, holandês, latim e grego
(mas com o dicionário agarrado); entendo alguns dialetos alemães; estudei a
gramática: do húngaro, do árabe, do sânscrito, do lituânio, do polonês, do
tupi, do hebraico, do japonês, do tcheco, do finlandês, do dinamarquês;
bisbilhotei um pouco a respeito de outras. Mas tudo mal. E acho que estudar o
espírito e o mecanismo de outras línguas ajuda muito à compreensão mais
profunda do idioma nacional. Principalmente, porém, estudando-se por
divertimento, gosto e distração."
Os conhecimentos da língua tupi, foram amplamente utilizados no conto "Meu Tio o Iauaretê"
publicado na revista Senhor em março de 1961 (nº 25).
Em 1945 foi rever os lugares onde passou a infância. Em 1946
publicou "Sagarana". O livro cujo lançamento era uma
previsão do gênio literário que o Brasil veria conhecer.
Na deliciosa "Conversa de bastidores", uma crônica
publicada em 1946 na revista A Casa (RJ) e escrita por Graciliano Ramos, ele
narra o concurso em que o "proto-livro" Sagarana foi derrotado
pelo livro Maria Perigosa de Luís Jardim, que naquele ano de 1938 levou o
prêmio Humberto de Campos, promovido pela Livraria José Olympio.
Graciliano contou na época, que participaram do júri além
dele, Dias da Costa, Prudente de Moraes, Marques Rabelo e Peregrino
Junior. E que, a princípio, aceitara a incumbência de participar do júri meio a
contragosto, uma vez que esse trabalho era uma chatice. "...disposto a não
ler nada, jogar o trabalho sobre o resto da comissão. É o que pensamos ao tomar
semelhantes incumbências"
continuou. "Que influi o meu parecer? Confio no juízo dos
outros, voto com a maioria - e está acabado"
Mas, ao pegar para ler o livro de um certo Viator (o
pseudônimo de João Guimarães Rosa) escreveu:
"aborrecendo-me assim, abri um cartapácio
de quinhentas páginas grandes: uma dúzia de contos enormes,
assinados por um certo Viator, que ninguém presumia quem fosse. Em tais casos,
rogamos a Deus que o original não preste e nos poupe o dever de ir até o fim.
Não se deu isso: aquele era trabalho sério em demasia. Certamente de um médico
mineiro, lembrava a origem: montanhoso, subia muito, descia - e os pontos
elevados eram magníficos, os vales me desapontavam"
Graciliano conta que depois de muita briga, discussão entre os
membros do júri, ele e mais dois votaram no livro Maria perigosa e assim esse
livro venceu o concurso.
No entanto, às vezes assaltava-lhe um "vago remorso" e
desejava ver crescer aquele "Viator" e falava com o editor José
Olympio que se cortasse alguns contos, poderia resultar dali um grande livro.
O que viria a ocorrer de fato, João Guimarães Rosa, cortou,
modificou e publicou Sagarana em 1946, um livro que causou na época,
certa comoção. Grandes escritores elogiaram, outros certamente o defenestraram.
O livro tornou-se um sucesso de público e crítica e chegou aos dias atuais como
um dos grandes clássicos da literatura brasileira.
Em 1938, Guimarães Rosa é nomeado Cônsul Adjunto em Hamburgo, e na
Europa conhece sua segunda esposa Aracy Moebius de Carvalho. Já havia
se casado em 1930 com Ligia Cabral Penna, com quem teve duas filhas.
Protegeu e facilitou a fuga de judeus perseguidos pelo
Nazismo, com a ajuda da mulher, D. Aracy. Em reconhecimento a essa
atitude, o diplomata e sua mulher foram homenageados em Israel, no ano de
1985, com a mais alta distinção que os judeus prestam a estrangeiros: o nome do
casal foi dado a um bosque em Jerusalém.
Com o rompimento entre Brasil e Alemanha, João G. Rosa foi detido
em Baden-Baden, na verdade um balneário termal na Alemanha, mas mesmo assim era
uma detenção. Ficou junto com outros brasileiros, entre os quais o
pintor pernambucano Cícero Dias. Posteriormente foram trocados por diplomatas
alemães que estavam detidos no Brasil.
Em 1945 retornou ao Brasil. hospedou-se na fazenda Três
Barras, em Paraopeba, berço da família Guimarães, então pertencente a seu amigo
Dr. Pedro Barbosa e, depois, a cavalo, rumou para Cordisburgo, sua terra natal.
Em 1946, é nomeado chefe-de-gabinete do ministro João Neves da Fontoura e vai a Paris como membro da delegação à Conferência de Paz.
Em 1948, volta a Bogotá como Secretário-Geral da delegação brasileira à IX Conferência Interamericana.
Em 1946, é nomeado chefe-de-gabinete do ministro João Neves da Fontoura e vai a Paris como membro da delegação à Conferência de Paz.
Em 1948, volta a Bogotá como Secretário-Geral da delegação brasileira à IX Conferência Interamericana.
De 1948 a 1950, o escritor encontra-se de novo em Paris, respectivamente como 1º Secretário e Conselheiro da Embaixada. Em 1951 é novamente nomeado Chefe de Gabinete de João Neves da Fontoura. Em 1953 torna-se Chefe da Divisão de Orçamento e em 1958 é promovido a Ministro de Primeira Classe (cargo correspondente a Embaixador).
Em 1951 reside em Paris. Em 1952 vista o estado de Mato Grosso,
onde convive com os vaqueiros e escreve uma reportagem poética "Como o
Vaqueiro Mariano", publicada no Correio da Manhã.
Em 1956 publicou a novela "Corpo de Baile", com
822 páginas, e "Grandes Sertões: Veredas", narrativa épica, com
linguagem inovadora que seria sua obra prima.
O livro que certamente colocou o Brasil na lista de países com
grandes escritores. Atualmente importantes meios de comunicação, como o jornal francês
Le monde, e o britânico The Guardian, enumeram o livro Grande Sertão
Veredas como um dos 100 livros mais importantes da literatura universal.
Em 1963 João Guimarães Rosa é eleito para a Academia Brasileira de
Letras, somente tomando posse quatro anos depois.
O escritor faz seu discurso de posse na Academia Brasileira de
Letras com a voz embargada. Parece pressentir que algo de mal lhe
aconteceria. Três dias após a posse, em 19 de novembro de 1967, ele
morreria subitamente em seu apartamento em Copacabana, sozinho (a esposa fora à
missa).
Hoje
a superstição do escritor tornou-se lendária, um homem de grande cultura, que
rodou o mundo, deixava enraizado em seu âmago as superstições e
pressentimentos, tais quais alguns de seus personagens.
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